A partir duma boa acolhida em Sitges, o filme sul-coreano A Vilã (악녀) mostra-se como uma dessas producções para desfrutar com uma boa tigela de pipocas e com um baixo nível de exigência.
Neste senso, A Vilã põe rápido cara acima os seus naipes, com uns minutos iniciais que são na prática um plano sequência subjectivo onde a nossa protagonista, a misteriosa Sook-hee (Ok-bin Kim), reparte generosamente acrobáticas chapadas, disparos impossíveis e facadas inesperadas a todo um exército de rufias repartido num prédio. A nossa boca toma a forma do «oh!» vagamente pronunciado face este alarde de violência refrescante que parece tirada directamente dum vídeo-jogo. Se não é a vossa praia, dá para abandonar agora. Se for do vosso tipo, assistireis uma história que alterna sequências de acção incríveis com uma trama romântica de escassa efectividade.
Porque a motivação de Sook-hee não poderia ser outra do que a vingança. Em diversos flash-backs observamos o cruel assassinato do seu pai e como é treinada no ofício de matar. Também, como se apaixona do seu mentor e como este tem um final presumivelmente dramático. Tudo, leva-nos a cena inicial, onde em vez de acabar presa, Sook-hee acaba recrutada pelos serviços de inteligência da Coreia do Sul na unidade de gajas que sabem artes marciais. E como ainda resta uma hora longa de metragem, intuímos que o argumento não pode ser assim de simples. Outra história de amor, a difícil criança da sua filha e uma viragem que se pode prever desde cedo, enchem momentos entre brigas com espadas, perseguições, explosões, etc.
Evidentemente, o argumento é um disparate. Convém não dar murro em ponta de faca, que isto não é uma fita de Tarkovsky. Também está essa irritante tendência asiática para o histrionismo interpretativo, que não convence nada. Descontraiam. Isto é para rememorar o tipo de filmes do que curtíamos quando éramos crianças e fantasiávamos com chegar a ser Bruce Lee.
- A favor: é certamente espectacular.
- Em contra: não dá para ser verosimilhante.