Joe Dietsch e Louie Gibson (filho de Mel), procedentes da televisão; encarregam-se da realização, guião e edição duma fita que inicia como um produto de terror soalheiro, no estilo dum conscientemente homenageado Tobe Hooper, para acabar num tópico thriller de supervivência.
De facto, em Happy Hunting funciona melhor o início que o seu derivativo desenvolvimento. Com um poderoso e brutal arranque, a introdução concentra os melhores minutos onde assistimos um misterioso crime que serve para dar o tom. Apresenta-nos também Warren Novak (Martin Dingle Wall), um ex-militar com sérios problemas de alcoolismo.
Os directores conseguem gerar uma atmosfera sufocante, de sujidade e desordem que nos informa correctamente sobre Warren e nos retém no assento. A estragada vida de Warren leva-o a intentar calotear uns mafiosos rednecks com desastrosas consequências. Deste modo, o nosso anti-herói acaba a fugir por uma estrada direitinho até México, onde espera encontrar-se com a namorada e a filha. Mas claro, a sua existência é uma briga constante contra a abstinência e o delirium tremens. Assim que decide fazer uma parada na fronteiriça vila de Bedford Flats. Fundamentalmente, o pior lugar para fazer uma parada.
Bedford Flats é como um bairro da lata no meio do nada. Os seus moradores, autêntico lixo branco, têm o peculiar costume de organizar um festival anual onde dão caça aqueles que exibem uma conduta desviante. Como o nosso alcoólatra Warren.
É esta a altura na que Happy Hunting afasta-se de Texas Chainsaw Massacre para dever mais a outras produções de supervivência, do tipo Two Thousand Maniacs!, Deliverance (mencionada na metragem), a mais recente Carnage Park ou a interessante Sam Was Here. Este jogo do gato e o rato não é especialmente original ou brilhante. De facto, é bastante previsível e as cenas de acção, excessivamente fantasiosas. O conjunto é matizado por alguns momentos gore e visões oníricas produto da ausência de álcool.
Dá a sensação que o filme procura certo canalhismo propositado nas opções estéticas e na caracterização do protagonista. Mas carece do humor negro preciso para que a coisa funcione. Intui-se também algum tipo de comentário sobre o clima de conservadorismo e xenofobia dos EUA, essencialmente no encontro com os wetbacks ou no momento da fronteira com México. Seja como for, este comentário mal aparece esboçado, e resulta pouco substantivo.
Em definitiva, é um filme irregular, que entreterá ocasionalmente; mas que não conseguirá ficar gravado na memória da plateia.
- A favor: A introdução ao personagem de Warren.
- Em contra: A caça.