Pouco a dizer

Primeiro hype do ano.

E finalmente chega o primeiro prato principal de 2018, servido pela crítica com uma apresentação de louvores e aplausos. O 2017 convida a sermos cépticos.
Trata-se da primeira aproximação ao género por parte de John Krasinski, realizador de duas comédias irregulares anteriores e de algum episódio da versão norte-americana de The Office. Esqueçam tudo aquilo. A Quiet Place é um filme de terror entretido que tem como elementos característicos um elenco limitado e a escassez de diálogos. O motivo é que nos achamos num planeta Terra devastado por uma invasão alienígena. A bicheza do espaço exterior tem o handicap da cegueira, mas compensam com uma aguda sensibilidade auditiva; pelo que é recomendável para os sobreviventes guardar silêncio em todo momento.

Não vai passar à história pelos diálogos.

O elenco limitado reduz-se aos actores que interpretam a família Abbot; a comunicar-se em língua de surdos e refugiados numa fazenda, desde onde fazem ocasionais incursões nas zonas urbanas na procura de avitualhamentos. Numa dessas incursões, os monstros invasores almoçam tragicamente Beau, o benjamim do casal. Um ano mais tarde, a mãe Evelyn (Emily Blunt) volve ficar grávida. A filha Regan (interpretada pela actriz surda Millicent Simmonds) carga com a culpa da morte do seu irmão mais jovem e assiste impotente a como o seu pai (John Krasinski, o director da fita) e o seu outro irmão Marcus (Noah Jupe) estreitam laços e a excluem.

Deixar sozinho ao pequeno num planeta invadido revelar-se-a como um grande erro.

A coisas saem mal, claro. O parto de Evelyn adianta-se sem lhe deixar oportunidade a refugiar-se num bunker insonoro que construíram. Assim é assediada pelos bichos em ausência do resto dos membros da família. Estes recebem um sinal de alerta e começam um jogo de gato e rato onde intentam aceder à casa para salvar a mãe e o seu recém-nascido.

Ok, há algum momento de tensão.

Em muitos aspectos, o filme remete a outras produções recentes, de modo especial a It Comes At Night. Também há algum momento tirado directamente de Alien. Não por acaso, os seus responsáveis intentaram emparentar A Quiet Place com a saga Cloverfield, tendo um espírito remotamente parecido com a aceitável 10 Cloverfield Lane. Infelizmente, A Quiet Place não é tão inteligente ou terrorífica como a crítica sugere. O guião está cheio de armadilhas e a reflexão sobre a família nem é assim para tanto. Não se sabe se este tipo de exaltações anuais devem-se à subvalorização que acrítica tem sobre o género ou -pior!- são parte do próprio marketing. A Quiet Place é entretida e basta.
A destacar a cena da banheira (mal resolvida), a do silo (beeeh…) e Millicent Simmonds.

  • A favor: Millicent Simmonds.
  • Em contra:  Não é o que nos prometeram.

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