Até logo, Ash

O tempo passa para todo o mundo.

A passada segunda despedimos-nos provavelmente dum dos personagens icónicos do terror: Ash Willians, interpretado desde 1981 por Bruce Campbell.
O universo da saga de Ash contra Evil Dead encarnou há 3 anos numa divertida série que explora o conceito dos filmes precedentes: um ritmo dinâmico, um tratamento cómico e litros de sangue. Com uma duração prevista de cinco temporadas, o canal de televisão por assinatura Starz decidiu acabar Ash vs. Evil Dead na terceira e actualmente conclusa, apesar dumas notáveis cifras de audiência. Embora Sam Raimi e Campbell estivessem a considerar a continuação cinematográfica do projecto com um eventual Army of Darkness 2, o actor reconheceu recentemente que o personagem que interpreta, de modo muito provável, não sobreviverá o cancelamento da série.

Preguiçoso, alcoólico, desordenado e pai ruim: é como demasiada gente.

Uma lástima. Ash era um personagem charmoso porque, em palavras do seu intérprete, «é um gajo com quem te podes cruzar num supermercado enquanto fazes a compra». É a sobreposição do homem comum por cima de forças que parecem escapar a todo controlo. Desordenado, alcoólico e pouco brilhante; na sua crise de maturidade televisiva, Ash acorda as forças demoníacas pela sua própria ineptidão mas, ao mesmo tempo, é o “escolhido” para acabar com o mal. Ao seu pesar.
Esta briga contra os “deaditas” começa com Evil Dead e o quase remake Evil Dead 2. As dificuldades orçamentárias do primeiro impregnarão toda a saga com um espírito malandro de série B. A partir da terceira entrega, Army of Darkness, Ash dá saltos temporais e combate os diabos com a serra eléctrica protésica e a espingarda. A ideia é tão fantástica como louca.

A sua última briga contra as forças malignas?

Os responsáveis do assunto decidiram fazer a série 23 anos depois, segundo Bruce Campbell, «para fechar a boca dos fãs» que reclamavam insistentemente a volta do herói. Nela, faz-se acompanhar pelo seu ajudante latino Pablo Simón Bolivar (Ray Santiago) e pela gaja durona Kelly Maxwell (Dana DeLorenzo). Juntos combatem a mulher que capitaneia as forças do mal, Rudy (Lucy Lawless). Nesta terceira temporada, aliás, Ash conhece a sua filha perdida Brandy (Arielle Carver-O’Neill) quem, apesar das dúvidas que suscita o seu errático progenitor, acaba por incorporar-se ao grupo.

Estes é que sabem combater o mal.

Pouco que censurar a estas três temporadas. Ash vs. Evil Dead é e considera-se a si própria como uma brincadeira entretida. Contudo, parecia evidente que o projecto tinha um percorrido limitado e que pouco mais se podia inovar na radical extravagância gore da franquia. Resta por ver se Fede Álvarez finalmente dá continuidade ao seu espectacular reboot/remake/spin-off realizado em 2013: uma obra que prescinde da comicidade e que oferece um tom mais sombrio e sinistro. Oxalá.

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