Duas horas longas de mal-estar

Desde há semanas vimos falando aqui de aqueles filmes que resultam decepcionantes uma vez que a sua estreia vem precedida de críticas excessivamente laudatórias. Pode-se considerar A Cure For Wellness como exemplo do contrário.
É certo que o enredo e os giros não são particularmente surpreendentes. É também verdade que o filme, ou rápido consegue que fiques ligado, ou as suas quase duas horas e meia de duração bem podem dissuadir qualquer espectador em contra do visionado até os créditos finais. E eu ainda acrescentaria uma objecção: o guião deixa demasiadas portas abertas que esquece fechar; havendo acontecimentos que ficam sem explicação ou eventos que têm lugar de maneira demasiado oportuna.
Não obstante, sou da opinião que o filme de Verbinski merece uma oportunidade ao possuir uns determinados valores equilibradores de todo o anterior. E é que esta moderna fantasia de terror gótico consegue gerar uma sensação de mistério e suspense graças a um especial cuidado da composição visual, do entorno arquitectónico e natural onde se desenvolve o enredo, e da intervenção de personagens arquetípicos de narrações clássicas: o herói (discutivelmente interpretado por Dane DeHaan), quem deve salvar uma dama virginal de erotismo incipiente (aceitavelmente interpretada por Mia Goth) ameaçada por um malvado tirano (Jason Isaacs); todos envolvidos numa atmosfera íncuba.Concretamente, o jovem arrivista Lockhart aproveita a morte natural dum superior para ascender na hierarquia duma importante empresa financeira de New York. Porém, com a assunção do posto, vê-se forçado sob ameaça de prisão a procurar o executivo Roland Pembroke, quem deve assinar um importante contrato de fusão corporativa e a quem se pretende incriminar em uma pesquisa sobre irregularidades na organização. Pembroke encontra-se retirado num esquisito balneário dos Alpes suíços dedicado a uma hidroterapia de aparência pouco científica. O executivo tem manifestado por carta a nula vontade de retornar às suas funções; assim que Lockhart se encaminha a Suíça na espera duma missão relativamente fácil, para encontrar a negativa tenaz de Pembroke e um sanatório de escuro passado onde pacientes, pessoal e director exibem um comportamento sectário e misterioso.Naturalmente, Lockhart não vai demorar em descobrir que o abandono do castelo-sanatório nem é assim tão fácil. À falta de cooperação do pessoal, unem-se umas terríveis visões de enguias ou moreias carnívoras presentes por todo o meio aquático. O conhecimento da jovem Hannah e o seu particular confinamento no centro, faz com que queira ultrapassar as suas fraquezas e planificar uma fugida juntos.As expectativas prévias rebaixadas, neste caso, fazem que se transite por esta extensa aventura sem que no final exista uma sensação de aborrecimento ou de rancor pelos seus pequenos pecados.

  • O melhor: O tom, a atmosfera, o castelo, as enguias…
  • O pior: O guião não é particularmente brilhante.

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