Tempo morto

Bom começo. Não pensem que vai ser tudo assim.

O produtor Brad Barugh estrea-se como realizador com Dead Night, uma longa-metragem de terror que congrega algumas boas ideias, mas que erra na fórmula da sua combinação.
Se começamos por prescindir da introdução que, por outro lado, é do melhor do filme; Dead Night narra a história duma família que vai para uma cabana no meio da floresta durante o inverno. É suposto que a cabana esteja sobre um depósito de ferro, o qual é bom para tratar doenças segundo uma bobagem anticientífica na que acredita Casey Pollack (Bea Grant); mãe de dois pitos (interpretados… ehem… por Sophie Dalah e Joshua Hoffman) e esposa de James (A.J. Bowen), quem recentemente foi diagnosticado com um cancro indeterminado que não joga papel algum na história e do qual apenas sabemos porque ele próprio faz menção. Como há uma vaga no carro, levam consigo a amiga da filha adolescente Becky (Elise Luthman). O que parece que vão ser umas tranquilas férias invernais, acabam por virar num pesadelo quando encontram o corpo duma mulher na neve e decidem resgata-la.

Moral: é melhor deixar os candidatos da direita morrer na neve.

Como foi comentado, o problema de Dead Night é não saber misturar os seus três componentes narrativos de forma satisfactória. A história principal, do isolamento numa cabana e o assédio de forças sobre-naturais, parece assinalar de modo tímido na direcção de obras como Evil Dead. Por outro lado, parece haver a insinuação dum sub-texto de intencionalidade política através da personagem da candidata conservadora Leslie Bison (a genial scream queen Barbara Crampton), um pouco na linha de They live. Finalmente, há uma original paródia das séries de crimes reais do tipo Forensic Files (aqui, Inside Crime) onde não apenas ridiculariza o sensacionalismo, como também contrasta a representação ficcionada televisiva com a realidade da própria história. E isto é uma das melhores ideias de Dead Night. O problema é que mata todo mistério acerca da sorte dos protagonistas. Inside Crime diz-nos demasiado cedo quem sobrevive e quem não. Partindo da base duns personagens perfilados de maneira fraca a relacionar-se entre si mediante uma falsa eloquência, nem dá para sentir uma dose de suspense, de temor antecipado antes do massacre. Muito menos dá para empatizar com eles.

Alguém vai pagar por todos esses cadáveres na cabana, e cedo sabemos que vais ser tu, Casey Pollack.

Por outro lado, o “fundo ideológico” está pouco justificado, é vago e complexo. Como tampouco se acaba por saber a necessidade de envolver a família Pollack nessa carnificina quando se revela o propósito de Bison e as suas ajudantes.

Ó Barbara Crampton, perdoa-se-te tudo, mesmo aparecer aqui.

Em definitiva, Dead Night é um intento de misturar várias propostas atractivas, mas acaba por não saber que rumo tomar. O gore, não excessivo, acrescenta entretenimento num filme que não está destinado a perdurar na memória.

  • A favor: A introdução e a paródia do sensacionalismo dos programas sobre crimes reais.
  • Em Contra: Predizível, incoerente e personagens planos.

 

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

*