Hounds of Love

Quando um lê algumas críticas sobre estreias de terror ou thriller, pensa imediatamente duas coisas: ou bem há críticos que vêem poucas produções do género, ou bem põem a sua análise ao serviço de determinadas estratégias de marketing. Vimos isto com Get Out. E assim, quando Hounds of Love chegar às nossas salas de cinema, virá acompanhado duma série de mentiras, o propósito das quais é fazer acreditar que é melhor do que realmente é.
O filme australiano pode ser entretido e possuir momentos interessantes, mas não «consegue reimaginar um género inteiro» nem «está construído de modo inteligente». É membro dessa extensa família de títulos como Chained (2012), The Loved Ones (2009) ou The Girl Next Door (2007); sem que seja precisamente o membro mais inovador ou inspirado. Sim acertarão em destacar as grandes interpretações de Emma Booth, Stephen Curry ou de uma estupenda Ashleigh Cummings; quem apesar disso, faz o papel duma adolescente quando é evidente o navio da puberdade há tempo que zarpou. A trilha sonora também não está nada mal, tanto a melodia composta por Dan Luscombe, como as canções de The Moody Blues ou Joy Division.A extensa introdução de quase 14 minutos até o título apresenta-nos Vicki, uma estudante de liceu no Perth da década de 1980, quem deve lidar com a separação dos seus pais; assunto que não leva demasiado bem. Paralelamente conhecemos a parelha conformada pelo maníaco e manipulador John White, e a fraca e dependente Evelyn. Descobrimos rápido que o principal passatempo de este casal é o sequestro, o estupro e assassínio de moças. Sabemos que em alguma altura se vão cruzar dramaticamente as trajectórias de Vicki e do matrimónio White; a única dúvida é como se desenvolverá o enredo. E aqui temos um pouco de tudo. O realizador e guionista debutante Ben Young, acerta em manter a maior parte da violência fora de plano jogando com a psique do espectador. Neste sentido, a cena na qual se sugerem as inclinações do casal é absolutamente magistral, conseguindo gerar um clima de intimidação sexual terrível.Não obstante, tudo é previsível e erra quando alarga cenas mediante desnecessários slow motion, quando adapta certa estética de vídeo-clip ou quando, em definitiva, insiste em que se note a mão do director. Tudo fica demasiado artificial e o desenlace não ajuda em nada. Também não há uma recreação demasiado lograda da década de quando se desenvolve a história.E a lástima não é que não seja essa obra inovadora ou inteligente que pretende a crítica. A lástima é que ficou curta quando possuía os ingredientes para ter sido um bom thriller.

  • O melhor: A cena onde se “sugere” a sorte da primeira vítima.
  • O pior: O slow-motion e o decepcionante final.

4 thoughts on “Hounds of Love

  1. Non vin Chained, pero sí “disfrutei” de The Loved Ones e de The Girl Next Door. Esta última particularmente de difícil trago…
    Outra que me gustou, no estilo, foi An American Crime. E sí, Catherine Keener e Ellen Paige suman para min 1 punto á nota en cada película que saen.

  2. Oh claro. Eu dizia que esses exemplos de filmes de sequestro / sadismo são preferíveis a este. Que tem coisas boas, mas acho que é esse tipo de filme que a crítica vê como algo fantástico e inovador, e tu pensas: “pois eu já vi este filme bastantes vezes…”.

  3. Así o entendín.
    Paseime comentar algo por aquí, mirar como andaba todo, e como non asistín todavía este filme pois só poiden comentar algo sobre filmes que referencias.
    😉
    Ao rematar a maioría dos filmes un pensa eso de, xa o vin antes nalgures…
    Pero eu xa só me conformo conque teñan certa dignidade, un pouco de respeto polo espectador e que non sexan pretenciosas se o argumento non alcanza para selo (a Gaspar Noe ou Lars Von Triers perdónolles, esíxolles, que sexan pretenciosos, hehehehe).
    Xa si algo te sorprende pois mira que ben.

  4. Pingback: Uma história cruel – Mal de Olho

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