Ari Aster

Uma coisa que temos em comum a Galiza e a comuna de Hårga, é que às 21.00 ainda é de dia. Isso faz dos nossos povos gente louca e pouco confiável, como se verá o dia 12. Até então, podem distrair com o episódio 22 desta extensa primeira temporada de Mal de Olho; onde falamos do Ari Aster, grande promessa do terror com uma visão não demasiado luminosa da família.

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Como dizia Tolstoi, todas a famílias felizes parecem-se, e as infelizes são infelizes cada uma à sua maneira. Por isso começamos com as curtas do realizador de New York: peidos fálicos, paranoia, incesto, amor de mãe mortal, vazio existencial, masculinidade frágil, doença mental… Todos estes alegres temas aparecem em TDF Really Works, Beau, The Strange Thing About the Johnsons, Munchausen, Basically, The Turtle’s Head e C’est La Vie. A terceira e a quarta curta, especialmente recomendadas. Aqui vemos tiques que virão a formar parte da marca pessoal de Aster.


Continuamos com um filme que é melhor ver um dia alegre: Hereditary (2018). Aqui, a família Graham tem que lidar com um obscuro segredo relativo à matriarca recentemente falecida… e com um monte de coisas inexplicáveis que lhes acontece. A destacar, um poste na estrada. Falamos de Martin Scorsese, de Roman Polansky, de Rosemary’s Baby e do Babadook. E principalmente, de Toni Collette.


Depois de protestar contra a homofobia no Campo da Lenha, volvemos para falar da cintilante e floral Midsommar (2019), com Dani Ardor (Florence Pugh) a superar um forte trauma familiar, a depressão e uma relação tóxica, mediante uma viagem a uma comuna sectária de nórdicos assassinos. Eventualmente, estes suecos pagãos serão o sossego familiar que Dani não encontra no mundo de onde provém. A conversa deriva cara outras viagens de pesadelo, terror diurno e paganismo homicida, como The Wicker Man, The Texas Chainsaw Massacre, ¿Qiuén puede matar a un niño?, The Ritual, Midsommar (dinamarquês), The Wizard of Oz, The Shinning, Kill List e Lords of Salem.


As comparações são inevitáveis, e os nossos podcasters tomam posições. Destaca-se a composição de ambos filmes, uma certa tendência narrativa à predestinação trágica e uma vontade de ver essa comédia sinistra de quatro horas que se está a cozinhar. Falamos brevemente também doutras promessas do terror, como Robert Eggers ou Panos Cosmatos.


Para a semana, temos um produto de série B: Killer Klowns from Outer Space (1988). E Pineda erra, não há dupla negação. Infelizmente, o sol não brilhará nunca mais.

Recomendações
La prochaine fois je viserai le coeur (2014)
The Hours (2002)
I am Legend”, de Richard Matheson (novela, 1954)
Horror Film Aesthetics: Creating The Visual Language of Fear”, de Thomas M. Sipos (ensaio, 2010)

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