Com algo de demora, chega o nosso comentário sobre uma interessante proposta de Netflix para os amantes da ficção científica e o terror: Love, Death + Robots.
Criada por Tim Miller, esta série constitui uma antologia de 18 histórias animadas de estilo díspar, com os elementos genéricos do SciFi e da violência como comum denominador, e com antecedentes como o canadense Heavy Metal. Como é frequente nestes casos, a qualidade dos episódios é diversa mas, em conjunto, nenhuma destaca em aspectos negativos. Globalmente é uma grata surpresa para amantes do género.
Entre os 18, poderíamos destacar o francês Sucker of Souls, aventura trepidante onde uns mercenários lutam contra uns vampiros demoníacos numa escavação arqueológica. Suits é uma impressionante história de granjeiros futuristas a combater uma horda de aliens insetiformes. Sonnie’s Edge submerge-nos num mundo de lutas clandestinas de monstros para, no final, surpreender-nos com um inesperado plot twist. Zima Blue desenha um futuro elegante, onde um misterioso artista empreende uma reflexão existencial mediante a sua própria obra.
Mas, ao nosso juízo, o melhor segmento é The Witness, de Alberto Mielgo: um thriller de acção que se desenvolve durante uma perseguição a uma stripper que foi testemunha dum assassínio. O desenlace constitui um paradoxo narrativo digno de Unreal City.
Love, Death + Robots também oferece comédia. Alternate Histories explora até o absurdo as possibilidades contra-factuais duma prematura morte de Hitler. Three Robots é um entretido e entranhável relato que se desenvolve num futuro distópico onde apenas há robôs e gatos. When The Yogurt Took Over expõe como um lácteo inteligente se faz com o poder no mundo.
A espacial Helping Hand, a cómica The Dump, os soviéticos vs monstros em Secret War, a onírica Fish Night, a steampunk Good Hunting ou a bélica Lucky 13; destacam no aspecto estilístico e não tanto no narrativo.
Entre as curtas mais fracas, está a de Tim Miller, Ice Age; a qual conta com as actuações de Mary Elizabeth Winstead e Topher Grace numa ideia muito semelhante ao segmento The Genesis Tub, do episódio Treehouse of Horror VII, de The Simpsons, onde Lisa cria acidentalmente uma civilização em miniatura. Infelizmente, Ice Age não resolve de modo convincente a premissa. O mesmo comentário vale para Blind Spot, que parece um video-clip de Gorilaz; ou Beyond the Aquila Rift, erotismo espacial com pouca substância.
Se houver um reprovado, no nosso juízo seria Shape-Shifters, história do tipo Dog Soldiers bélica e patrioteira que contribui pouco à notável qualidade da série,