Retorno falido

Um dos nomes destacados do cinema explotation é certamente Ruggero Deodato. Realizador de clássicos como Una Casa Sperduta Nel Parco, Un Delitto Poco Comune ou a famosa e polémica Cannibal Holocaust; levava 23 anos sem rodar uma longa-metragem para o cinema. O filme que marca o seu retorno, Ballad In Blood ou Il Giorno Dopo; tem passado por alguns festivais, mas não se sabe se terá distribuição por cá. No mínimo, não tem data de estreia na península Ibérica. Não tenham pressa.
Porque Ballad In Blood marca o ponto mais baixo duma trajetória controversa, mas com inegáveis curiosidades. O próprio Holocausto Canibal, para além dos aspetos sensacionalistas e pouco éticos, não era apenas um entretido percursor do found footage, como continha alguma leitura interessante sobre os mass media ou a brutalidade subjacente nas sociedades desenvolvidas. Ballad In Blood não agrada, não assusta, não interessa e nem sequer escandaliza. O único que provoca é uma sensação próxima à vergonha. Uma sensação que geram absolutamente todos os elementos relevantes do filme: as atuações são indescritíveis, os diálogos absurdos, as personagens ridículas, a trama misógina e errática… e um longuíssimo etcétera que Deodato visa dulcificar com constantes e desnecessários planos da nudez da atrizes. Chega com ver o trailer para comprovar os principais argumentos da produção: sangue e mamas. E é preciso dizer que contém mais do segundo que do primeiro.A premissa está vagamente baseada num crime real acontecido em Perúgia. A estudante checa Lenka (Carlotta Morelli), o seu namorado Jacopo (Gabriele Rossi) e o seu amigo Duke (Edward Williams) acordam ressacados e confusos depois duma esquisita festa de Halloween fundamentada no sexo e as drogas (a habitual festa Erasmus). Não demoram em descobrir no piso o cadáver degolado da estudante inglesa Elizabet (Noemi Smorra), companheira de habitação de Lenka. Não fazem a menor ideia de como isto pôde acontecer; assim que pesquisam um pouco, vão por aí, acontecem coisas… Não sei.Claudio Simonetti, teclado de Goblin e compositor dos temas de Suspiria ou Profondo Rosso, encarrega-se da trilha sonora; trabalho este pelo qual não vai ser lembrado. Como curiosidade, Ruggero Deodato não ficara contente com dirigir e intervir no guião do filme; que ademais decidiu reservar-se um cameo: interpreta brevemente um professor deficiente que leva por nome Eli Roth. Quem não é agradecido, não é bem nascido.

  • O melhor: As bonitas imagens de Orvieto e do Pozzo di San Patrizio.
  • O pior: Argumento, diálogos, interpretações, guião…

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

*