“O meus heróis mataram sempre cowboys”

Felizmente não houve que aguardar demasiado para que o polifacetado Taylor Sheridan nos surpreendesse com outro filme de categoria.
O ano passado, David Mackenzie dirigira um guião seu que dava na estupenda Hell or High Water, um western contemporâneo na Texas devastada pela crise económica; onde Chris Pine encarnava um desempregado em risco de perder a sua fazenda, mas disposto a tudo para a conservar e oferecer um futuro melhor aos seus filhos. Na sua frente, tem um veterano ranger disposto a frear a sua carreira criminosa, aqui interpretado magistralmente por Jeff Bridges. Hell or High Water não é apenas um drama moralmente complexo e um intenso thriller, como também um dos melhores filmes dos últimos anos. Havia o risco de ter posto demasiado alto o nível para futuras produções mas Sheridan, a assumir guião e direcção, consegue comover com Wind River; um thriller dramático onde a paisagem tem também um notável protagonismo. Aliás, com Wind River consegue redimir-se do seu anterior passo por realização, onde se ocupou dum não demasiado afortunado Vile; um torture porn bobo na esteira de Saw.

Nesta ocasião seguimos um caçador Cory Lambert (Jeremy Renner) que encontra o cadáver duma nativa americana no território duma reserva indígena coberta de neve. Para a pesquisa criminológica, terá de fazer equipa com o chefe da polícia da reserva e com a agente do FBI Jane Banner (interpretada por Elizabeth Olsen). O assassinato faz reviver a Lambert um dramático incidente que acabou com a vida da sua própria filha.

Sheridan mal precisa duns poucos detalhes para desenhar um retrato desassossegador da realidade dos nativos americanos, afectados pela perda da própria cultura e a alienação. Alterna os elementos da pesquisa policial com o absurdo incidente que antecede e que acaba com a vida da vítima. Tudo numa tonalidade trágica que tem um final espectacular e abrupto. Uma das grandes recomendações deste ano.

  • A favor: Quase tudo.
  • Em contra: Talvez essa tendência do cinema norte-americano a ter só “rostos pálidos” como protagonistas.

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