O jogo da morte

Os produtores de tomate ficarão eternamente gratos.

Pudemos assistir na passada edição do Festival Internacional de Cinema da Catalunha, e curtimos bué. Depois dalguns filmes sérios e/ou presunçosos, um divertimento deste género não está mal.
Ignoramos quando é que se poderá ver por cá a longa-metragem debute de Sebastien Landry e Laurence Morais-Lagace; mas paga a pena aguardar pela sua aparição, como se sugeriu anteriormente, com atitude distendida. Porque Game of Death é um desses produtos impregnados dum humor negro descontraído e salpicado com litros de tomate. É desse género de filmes como Double Date ou Downrange, dos quais temos falado aqui e que consistem numa premissa simples com personagens um bocado idiotas.

Típica festa millennial nunca vista no cinema.

Aqui, introduzem-nos numa festa de millennials tonhós, superficiais e narcisistas, numa casa particular. As motivações básicas do grupo são -surpresa- o álcool e o sexo. Os primeiros minutos são uma sucessão um pouco chata de situações insubstanciais, gravações de telemóvel e odiosas sequências em slow-motion. Quando tudo parece convidar para a deserção, os putos encontram uma espécie de jogo de tabuleiro empoeirado. Situam-se em volta da mesa e dispõem-se para jogar. Grave erro. O tabuleiro estabelece que devem assassinar 24 pessoas; em caso contrário, e de maneira sucessiva, o jogo fará explodir, uma a uma, as cabeças dos participantes. Pronto, assim de encantador e absurdo.

Depois duma introdução chata, o filme põe-se interessante.

Prosseguimos com um segundo acto muito louco e gore que acumula toda a comicidade da fita, e que narra o intento desesperado por fugir desta estranha maldição. Quando se revela inútil, o filme necessariamente desemboca nas desavenças no seio dos super-viventes acerca do dilema moral que supõe assassinar para salvar a própria pele. E, claro, nem as interpretações dos actores, nem a simplicidade dos personagens, são recursos sólidos para resolver este conflito face uma plateia que tampouco se está a preocupar demasiado com essas reflexões profundas.

O desenlace confronta um dilema moral com o que não se importa ninguém.

O que sim está a fazer o público é fundamentalmente divertir-se e soltar alguma gargalhada ocasional com uma obra que não perdurará na memória. Recomenda-se assistir com pipocas e refresco.

Os produtores de tomate ficarão eternamente gratos.

  • A favor: O ar descontraído.
  • Em contra: O primeiro acto.

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