Halloween em Hawkins

Estava claro que voltaria.

Tínhamos imensas ganas de que começasse a segunda temporada de Stranger Things depois de uma interessantíssima primeira parte e de que a plataforma de emissão abrisse o apetite com alguns trailers. Finalmente chegou para esta noite de defuntos.
E fundamentalmente achamos o prometido: uma grande homenagem à década de 1980 na que se citam os salões de jogos, o Dig Dug, Ghostbusters e vilões sinistros como Ronald Reagan ou Michael Mayers. A nova personagem Max (Sadie Sink) tem, não por acaso, o pseudónimo de Mad Max. Os ecos de filmes como Alien, Aliens. Goonies, Stand by Me, Firestarter ou a obra de John Carpenter; estão também presente na nova reunião de este singular grupo de loosers que, não obstante, rende-se face um obstáculo evidente: a perda inexorável da originalidade uma vez que os irmãos Duffer apostam na mesma fórmula bem sucedida na primeira temporada e onde mal acrescentam alguma novidade. O enredo gira outra vez à volta do desventurado Will (Noah Schnapp), nesta ocasião possuído pela obscura entidade do avesso. A sua mãe (Winona Ryder) e os seus amigos intentarão salva-lo. O elemento desagregador da turma é agora a presença de Max, que gera uma rivalidade amorosa entre Lucas (Caleb McLaughlin) e Dustin (Gaten Matarazzo). Mulheres…

Stranger Things volve ser uma homenagem à década de 1980.

Continua também a tensão sexual entre Jonathan Byers (Charlie Heaton) e Nancy (Natalia Dyer) durante a sua pesquisa sobre o laboratório. Mike (Finn Wolfhard) segue a suspirar por Eleven (Millie Bobby Brown), e Jim (David Harbour) por Joyce (Winona Ryder). Porém, se a primeira temporada tinha essa sensação amarga da realidade, nesta segunda parece que todo o mundo encontra a sua parelha para o baile de formatura. Também a casa de Joyce é decorada de maneira esquisita na história, mas aqui evidencia uma explícita homenagem à sessão antecedente.

Deverão salvar novamente Will, com Dustin e Lucas a rivalizar por uma recém-chegada.

Para além de paralelismos um bocado chatos, as novas sub-tramas não acrescentam demasiado ao conjunto, são pouco verosimilhantes no universo narrativo e com frequência parecem estar ali apenas para incorporar matizes à personagem de Eleven. E isto é talvez o melhor da segunda entrega: Eleven já não é mais essa menina mágica essencialmente positiva. Agora é uma adolescente rebelde e complexa. Chega com assistir os ciúmes doentios com os que responde à aproximação entre Mike e Max ou a relação problemática paterno-filial com Jim. Também a sua cruel briga com o mundo, da mão da sua irmã Roman (Linnea Berthelsen), que sugere dúvidas éticas sobre si; e que era melhor desenvolvida numa eventual terceira temporada, algo que se dará quase com certeza.

Eleven revela nesta ocasião um lado mais humano (e obscuro).

Entre os aspectos positivos está também o feche de algum ponto no ar da primeira temporada (o caso de Barbara Holland) e uma imagem granulada acompanhada de uma trilha sonora dominada pelos sintetizadores e as melodias da época; uma combinação que consegue transportar-nos a 1984 e fazer-nos esperar por uma terceira entrega algo mais inovadora.

  • A favor: A nova complexidade de Eleven.
  • Em contra: A sensação de reiteração que deixa no final.

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